terça-feira, 19 de junho de 2007

Pior do que a voz que cala, é um silêncio que fala



Pior do que a voz que cala,

é um silêncio que fala.


Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.


Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.


Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas.


Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão.


O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.


É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento.


Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.


Quando nada é dito, nada fica combinado. Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: "Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando!"


É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro.


É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente. Para os seguranças de um show de rock, o silêncio é um sonho.


Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.


O único silêncio que perturba, é aquele que fala. E fala alto. É quando ninguém bate à nossa porta, não há emails na caixa de entrada, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim, você entende a mensagem.


Autoria: Marta Medeiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Powered By Blogger




Feitos um para o outro

Feitos um para o outro

ANÔNIMA

ANÔNIMA

Arquivo do blog