Em dez minutos, pronto, você está lá na maior das intimidades com a criatura. Tudo aquilo que demorava dias, meses, com as missivas ou flertes da vida real, virou coisa de segundos nesse outro plano.
É o amor nos tempos do Messenger... Tudo muito rápido, espécie de miojo sentimental, emoções baratas, 3,5 minutos, ferveu, fodeu!
Você nem carece pegar na mão, já vai direto pra cama, pra detrás da moita mais platônica. Não carece nem cantar Paulinho da Viola, olá como vai, quanto tempo, pois é, quanto tempo...
E não é coisa apenas desses moços, pobres moços. Minha amiga K., por exemplo, 55 anos, Madame Bovary dos tempos digitais, tem quatro amantes “fixos” virtuais, além do marido de carne, osso e ronco, como ela mesma diz. “Vou deixar um deles, pois não tem comparecido a contento”, solta a blague. Todos jovens, quase donzelos, meu Deus.
Antes bastava ficar de olho na chegada do carteiro, o bravo homem de amarelo, com o seu embornal de cobranças, boas novas ou lágrimas...
Amor e tecnologia, um falso abraço. No princípio era apenas o bina, e matou o velho mistério do telefonema mudo e anônimo. Ofegante, a criatura, apaixonada, ligava só para ouvir a voz do obscuro objeto de desejo do outro lado da linha. Ou mandava uma música do Rei, de preferência a mais romântica: “Vou cavalgar por toda noite, numa estrada colorida...”
É, o telefonema dos desencorajados do amor, esse clássico das antigas, está praticamente enterrado.
Depois, chegou a telefonia móvel. Uma revolução na crônica de costumes. O fim de muitas desculpas canalhas. Tipo aquele homem que tomava um chá de sumiço e voltava, batom até no lenço d´alma, com os álibis mais inverossímeis desse planeta.
Outra alvissareira função do celular é fugir dos mal-assombros sentimentais. Você quer ir numa festa e sabe que aquele infeliz pode estar lá, serelepe, nos braços de uma “vagabunda” qualquer. Uma ligação e pronto, o amigo dá o serviço completo das assombrações. Pena que o mesmo aparelho também sirva para matar as surpresas, o friozinho na barriga, aquela coisa toda, lembra?
O amor nos tempos do Messenger. E o novo problema já está ficando velho, grego, decifra-me ou te deleto: como transformar uma tara platônica em uma trepada homérica?
Escrito por xico sá
http://carapuceiro.zip.net/
NEM TUDO O QUE CONTO É VERDADE, E NEM TUDO O QUE INVENTO É MENTIRA ................................................................ The depth of a soul is not measured by what appears on the surface
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