sábado, 30 de junho de 2007

O risco que a ausência traz em si


"Faça sua ausência ser suficientemente forte para que alguém sinta sua falta....

Mas cuide para que essa ausência não se torne longa,

ao ponto desse alguém descobrir que pode viver sem você."

(Alexandre Dumas)

AÍ TEM!!!!!!

As coisas são como são.

Se alguém diz que está calmo, é porque está calmo.

Se alguém diz que te ama, é porque te ama.

Se alguém diz que não vai poder sair à noite porque precisa estudar, está explicado.

Mas a gente não escuta só as palavras: a gente ouve também os sinais.

Ele telefonou na hora que disse que ia ligar, mas estava frio como um iglu.

Você falava, falava, e ele quieto, monossilábico. Até que você o coloca contra a parede: "O que é que está havendo?".

"Nada, tô na minha, só isso." Só isso???? Aí tem.

Ele telefonou na hora que disse que ia ligar, mas estava exaltado demais. Não parava de tagarelar. Um entusiasmo fora do comum. Você pergunta à queima-roupa: "Que alegria é essa?"

"Ué, tô feliz, só isso". Só isso????? Aí tem.

Os tais sinais. Ansiedade fora de hora, mudez estranha, olhar perdido, mudança no jeito de se vestir, olheiras e bocejos de quem dormiu pouco à noite: aí tem.

Somos doutoras em traduzir gestos, silêncios e atitudes incomuns. Se ele está calado demais, é porque está pensando na melhor maneira de nos dar uma má notícia. Se está esfuziante demais, é porque andou rolando novidades que você não está sabendo. Se ele está carinhoso demais, é porque não quer que você perceba que está com a cabeça em outra. Se manda flores, é porque está querendo que a gente facilite alguma coisa pra ele. Se vai viajar com os amigos, é porque não nos ama mais. Se parou de fumar, é uma promessa que ele não contou pra você.

Enfim, o cara não pode respirar diferente que aí tem.

Às vezes não tem. O cara pode estar calado porque leu um troço que mexeu com ele, ou está falando muito porque o time dele venceu. Pode estar mais carinhoso porque conversou sobre isso na terapia e pode estar mais produzido porque teve um aumento de salário.

Por que tudo o que eles fazem tem que ser um recado pra gente?

É uma generalização, mas as mulheres costumam ser mais inseguras que os homens no quesito relacionamento. Qualquer mudança de rota nos deixa em estado de alerta, qualquer outra mulher que cruze o caminho dele pode ser uma concorrente, qualquer rispidez não justificada pode ser um cartão amarelo.

O que ele diz importa menos do que sua conduta. Pobres homens. Se não estão babando por nós, se tiram o dia para meditar ou para assistir um jogo de vôlei na tevê sem avisar com duas semanas de antecedência, danou-se: aí tem.

Por Marta Medeiros

A dor que mais dói

"Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um estalo, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na esquina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma brincadeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.

Mas a saudade que mais dói é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua chorando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada;
se ele continua a trabalhar no relatório;
se ela aprendeu a conduzir;
se ele continua preferindo Stout;
se ela continua preferindo sumo;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua abraçando tão bem;
se ela continua gostando de Massas;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.

Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
Não saber como conter as lágrimas diante de uma música;
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.

Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o quevocê, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler..."

Por Marta Medeiros

A arte de cair fora

Tem vezes em que a gente precisa cair fora.

"A Retirada", aquele hexagrama do I-Ching. “Quando não resta nada onde deva ir, ele volta”.

Nada como cair fora civilizadamente, educadamente, do jeito mais ok que a situação permite.

Cair fora assim é quase um milagre. Mas tem vezes em que a gente precisa cair fora, não adianta. E os amigos dão parabéns: hey, chica, você fez a coisa certa. Jarvis cantando “don’t let him waste your time. Go, go, go!”

Tem vezes em que a gente precisa cair fora. Até da própria casa. Até da própria cidade. Até da própria vida. A saída é o aeroporto. E tem vezes em que a gente precisa tanto cair fora que enfrenta o caos aéreo estoicamente ouvindo Smiths no fone de ouvido.

A gente precisa cair fora. E passar uma hora e meia sentada no meio de dois homens de preto só para mudar de ares, porque não basta cair fora da situação por telefone, já disse, é preciso sair um pouco da própria vida também.

Aí, quando você vê, está estoicamente viva, sobrevivente de uma confusão bem grande, firme, digna. E carente. E entediada.

Ter que cair fora é uma merda.

(Nina Lemos)

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Coração em frangalhos

Trutinha, vc está indo, mas levará uma parte do meu coração com você.

Que Jesus te proteja e fortaleça durante toda esta nova jornada.

Te amo e amarei pra sempre, mesmo que não te diga isso todos os dias.

Os mais puros sentimentos não são ditos, são demonstrados.

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

domingo, 24 de junho de 2007

Confissão Nerd

Ah, é só uma olhadinha. Só para ver como é.

A última vez que eu disse isso foi quando entrei para o Orkut. E o que aconteceu, vocês já sabem.

Porque, provavelmente, também aconteceu com vocês. Fiquei de madrugada trocando scraps e fazendo amizade com passantes. Perdendo as horas do meu soninho da beleza.

Depois, tive que fugir de chopes com ex-alunos da minha turma da sétima série. Até do Victor Hugo fugi - ele até deletou o orkut dele. Afff

Eu sabia que não ia ser só uma olhadinha. Mas estava chovendo para chuchu e eu estava com tédio. E foi assim que resolvi entrar para o Second Life.

Como tudo na internet, você tem que começar preenchendo formulários sem fim. Mas está chovendo, não tem nada melhor para fazer, então, tudo bem. Vamos lá. Qual seu nome? Sobrenome? Torce para o América? Cospe ou engole? Cor preferida? Já foi passar as férias em Lambari com a família? Tem problema de unha encravada? Já fez macumba por causa de amor?

E por falar nisso... qual o número do seu cartão de crédito?

Claro. É assim que tudo sempre termina na internet. No Second Life, para você ter o "dinheirinho virtual", o tal do linden, tem que dar o número do cartão e.... pagar. Ou, senão, concordar em ser pobre no mundo virtual. Que, obviamente, foi o que eu fiz. Sou nerd mas nem tanto. Por isso, lisa e com um modelo cafona de gótica japonesa futurista clichê, eu adentrei no ciberespaço. Superestranho.

Fui parar numa ilha tipo Lost e fiquei vagando apertando as setas do teclado.

De repente, encontro um outro ser vagante. Brasileiro. E outro. Outro e outro. Os brasileiros invadiram, como tudo na internet. Fiquei conversando com eles, mas todos não sabiam também o que fazer.

Uns tinham cara de meu-querido-pônei e outros de rapoza zebrada. Ficamos ali no ócio.

Proponho um arrastão. Todos me ignoram e continuam andando desgovernados. Encontro com um outro brasileiro e falo que devemos promover um roubo. Ele se interessa. “Como faz?”. Será que ele achava que era só apertar ctrl+alt alguma coisa e roubar alguém?

Convenço a minha colega (real), via msn a entrar também. Estou muito empolgada e ela diz que nem morta. Mas ela é convencida pelo argumento "é só uma olhadinha. Só para ver como é. Senão você vai perder o bonde da modernidade e não terá o que falar em rodinhas".

Logo ela entra. Nos encontramos. Vamos juntas numa "praia" e cada um senta numa "cadeira de plástico".

- Tem protetor solar? – pergunta o boneco dela.
- Não - responde o meu.
- Isso aqui é meio chato.
- Então vamos dar uma volta.

Nos separamos. Tento entrar numa casa legal mas começa a aparecer uma mensagem malígna: "Você está invandindo uma propriedade particular. Saia já!". Droga.

De repente, vou parar no Museu da Ficção Científica e não consigo sair de lá. Estou achando um saco. Não tem ninguém e, ainda por cima, o computador começa a travar. Mas minha colega está se divertindo. Pois ela começa a presenciar um bacanal e a me contar, via messenger.

- Dois homens estão comendo uma mulé!
- Ah, por favor, me teleporta para aí – peço.
Ela tenta me "teleportar" e não consegue, pois o sistema está ocupado. A coisa começa a esquentar- Ele está arrancando as minhas roupas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

No meu lugarzinho, nada acontece. Agora descubro que ainda posso ficar brincando com um cubo. Eu, brincando de cubo mágico enquanto quatro nerds ficam fazendo sexo virtual.

Eu começo a ficar nervosa
- Me teleporta, eu imploro! E nada. Second life could not teleport you. Try again in a few minutes.

Minha colega sendo enrabada por um homem do Vietnã. E eu, trocando o pôster do Ataque dos Monstros para o pôster do Guerra nas Estrelas. Minha colega sendo carcada por um sujeito de Leste Europeu. E eu, “criando” uma bola. Minha colega sendo bulinada por um rapaz mexicano. E eu, conseguindo, através dos comandos, sentar numa cadeira e levantar. Sozinha na porcaria do Museu da Ficção Científica.

Revoltada e movida pela inveja, resolvo apelar:
- Você pode estar fazendo sexo virtual com uma gorda nerd e espinhuda brasileira – digo.

Ela não liga muito. E eu fico apertando os botões nervosa. Até que eu consigo ser teleportada.

Oba! Vou participar da suruba!

Mas em vão. Os surubeiros me ignoram. Desisto. Só me resta escovar os dentes e colocar meu pijama, às quatro e meia da manhã. Para acordar em algumas horas, para uma reunião. Com olheiras e, ainda, uma virgem virtual.

Às vezes, o mundo é injusto. Até mesmo no ciberspace.

Jô Hallack

O domingo de quem sente que não tem um amor

Num dia Smithiano (céu cinza, chuva fraca e ainda por cima é domingo) ela acorda e lembra que não tem nenhum amor. O cachorro vênus foi roubado.

Para a massa ignara de gente sem cérebro ela é mais divertida quando inventa que um fulano que só viu poucas vezes "é seu novo pretê" e conta ótimas histórias de como tenta seduzi-lo.
Mas isso passou depois dos 30 e três anos e não volta. A brincadeira agora é outra e quem não achar a moça divertida que mude de companhia.

Ela lembrou que eles todos tomam café sem açucar. Todos, absolutamente todos os ex amados babys.Teve vontade de ligar para um deles. Mas porque procurar o amor que acabou só pra ter algum amor e inventar e sofrer mais? Não, minha filha, você não tem nenhum amor. Cala a boca.

Tome um copo de água e enxugue esse choro.

Porque por mais que tente, ela não consegue mais se enganar e fazer a dança dos pretezinhos.
Sobrou ela e o Morrissey nesse domingo. E uma gata preta e branca que olha pra fora tão triste quanto a dona. E um texto completamente fora de forma.

ps. sim, ela está com tpm
pps.sim, ela sabe que vai passar.

(Por Nina Lemos)

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Pensamentos soltos...

"We don't see things as they are.
We see them as we are." Anaïs Nin

"Não espero pelo dia em que todos os homens concordem.
Apenas sei de diversas harmonias possíveis sem juízo final." Caetano Veloso

"It requires wisdom to understand wisdom;
the music is nothing if the audience is deaf." Walter Lippman

Pensamento do dia

"Nada neste mundo faz sentido se não tocamos o coração das pessoas.

Se a gente cresce com os duros golpes da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma."

Da série: rimando amor com dor e tédio com remédio

En el paraíso de tus ojos,
me pierdo porque estoy perdido,
en la paz de tus labios,
me encuentro porque estoy contigo,
en el universo de tu alma,
vivo con mil sentidos,
en ti, vivo amándote.


Mil razones para pensarte
cien para admirarte
y una sola para no olvidarte:
Quererte.


Se resbala en mis manos
no tiene dirección
carece de explicación
ni tiene sentido ni razón
simplemente es amor
y el mío te pertenece.

Pensaré en ti
pensaré que te conocí,
sentiré tu presencia
sentiré que estas aquí
sabré que existes,
sabré que me conoces
y siempre me ilusionare,
como el dia en el que te conocí.

Beso sobre beso
tu piel encarna la belleza
tu piel pide mil caricias
suave sobre suave
tu cuerpo para amar
tu alma para sentir
tierna sobre bella
¿cómo no desearte?.

Te quiero con flores
te quiero con palabras
te quiero sin sentido
te quiero sin promesas
te quiero al despertar
te quiero al despedirte
te quiero para quererte
te quiero para darte
te quiero y te quiero
no me preguntes por qué.

:-)

O dia não tem mais 24 horas


Tenho a sensação que meu dia dura umas 14 horas, chutando BEM ALTO.
As horas estão passando na mesma velocidade que o homem leva para ultrapassar a barreira do som.
Quando me dou conta, mais um dia terminou, já é hora de dormir, e logo mais estarei acordando.
Acordando é modo de dizer, porque não considero que de fato eu cheguei a doooormir.
No máximo foi um cochilo. Já é hora de voltar ao trabalho, trabalho este que aparentemente deixei há apenas duas horas (chutando alto também).
Simples assim.
Mas estou aterrorizada.
Logo mais faço 40 anos, o que na cronologia atual, levará apenas uns 3 anos em horas supostamente reais.
E o que produzi nesta vida? O que fiz de bom para mim e para a humanidade?

Outra pergunta que não quer calar é: quem vai cuidar de mim na minha velhice? AH, outra questão importante é: será que eu vou ter um velhinho pra eu cuidar dele também?
Dios, S.O.S.

Estou preocupada de verdade. Inclusive, me apresento trêmula e lacrimejante até.

Vou planejar melhor minha vida, boxear o tempo, nadar no ritmo da maré, deixar algumas coisas aparentemente complicadas demais para Deus me ajudar a resolver, e no que estiver ao meu alcance, estarei mais centrada, esforçada, dedicada (ada, ada, ada).

Eu sei que muitas coisas não contecem tão rápido como eu gostaria que acontecessem...

Mas eu não desisto (sou brasileira e não desisto nunca!), e até por isso estou me auto-afirmando e embutindo em mim a necessidade premente de adotar uma postura de urgência - emergência.

É isso. Bingooooo.
Acabei de me dar conta que hoje, 21/06/07, é um marco na minha vida.
Um verdadeiro divisor de águas.
Acabei de ENTRAR NA ERA DO PRONTO-SOCORRO EXISTENCIAL.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

IF - rimando amor com dor e tédio com remédio


If there's one face I want to see,
so beautiful, so true,
one smile that makes a difference,
to everything I do.


If there's one touch I long to feel,
one voice I long to hear,
whenever I am happy,
or just needing someone real.

If there's one joy, one love,
from which I never want to part,
it's you, my very special love,
my world, my life, my heart.

You're The First, The Last, My Everything (Barry White)



We got it together didn't we

We definitely got our thing together don't we baby

Isn't that nice

I mean really when you really sit and think about it

Isn't it really really nice

I can easily feel myself slipping more and more away to

That simple world of our own

Nobody but you and me

We got it together baby

My first, my last, my everything.


And the answer to all my dreams.

You're my sun, my moon, my guiding star.

My kind of wonderful, that's what you are

I know there's only, only one like you.


There's no way, they could have made two

You're all I'm living for,

Your love I'll keep for evermore,

You're the first, you're the last, my everything.


In you I've found so many things

A love so new only you could bring

Can't you see if you,

You'll make me feel this way.


You're like a first morning dew on a brand new day.

I see so many way that I can love you,

Till the day I die.


You're my reality, yet I'm lost in a dream.


You're the first, the last, my everything

I know there's only, only one like you.


There's no way they could have made two.

Girl you're my reality

But I'm lost in a dream

You're the first, you're the last, my everything

YOUR LOVE IS KING


Your love is king,
crown you in my heart.


your love is king,
never need to part.

your kisses ring,
round and round and round my head.

touching the very part of me.

it's making my soul sing.

tearing the very heart of me.

i'm crying out for more.

your love is king,
crown you in my heart.


your love is king.
you're the ruler of my heart.

your kisses ring, round and round and round my head.

touching the very part of me.

it's making my soul sing.


i'm crying out for more.


your love is king.

i'm coming up, i'm coming.

you're making me dance, inside.

your love is king, crown you in my heart.

your love is king, never need to part.

your kisses ring, round and round and round my head.

touching the very part of me.

it's making my soul sing.


tearing the very heart of me.

i'm crying out for more.

touching the very part of me.

it's making my soul sing.


i'm crying out for more.

your love is king.


this is no blind faith
this is no sad and sorry dream.

this is no blind faithyour love...your love is real...
gotta crown me with your heart, never, never need to part, touch me.

never letting go, never letting go, never going to give it up.

i'm coming, you're making me dance...
SADE

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Dúvida Jurídica

Estou com a seguinte dúvida jurídica:

Em se tratando de débito conjugal, a ação a ser interposta pleiteará
obrigação de DAR ou de FAZER?????

Aguardo esclarecimentos.

Andrea

Amor de Dios


Liberte sua alma,
DANCE FLAMENCO!

Em Madri:

"Amor de Dios es un nombre y un espacio emblemático del flamenco y de la danza española. Una escuela no académica, tradicional, que no otorga títulos sino que forma profesionales para los escenarios y también divulga a nivel mundial las especialidades artísticas que le son propias mediante la formación de aficionados de alta calificación que constituyen la principal base social sustentadora de las mismas, cuyas iniciativas directas: instruyendo a otros, dirigiendo entidades, organizando eventos, etc., junto a la obra de los grandes artistas, explican su penetración universal.


El centro extiende sus actividades educacionales a las músicas y danzas de escuela y al resto de danzas, músicas y artes de extracción popular españolas o emparentadas: mediterráneas, hindúes, árabes y latinoamericanas. Pero, aunque el papel de la escuela es fundamental, el concepto del centro es más amplio, además es marco de relación libre y adaptado al terreno artístico al que sirve, en él que se reúnen artistas, maestros, alumnos, empresarios y aficionados de muy diferentes procedencias culturales y geográficas y donde toman forma multitud de proyectos artísticos, desde los contactos y gestiones iniciales, a las audiciones de integrantes, ensayos y puesta en exhibición de los mismos.


En el emplazamiento actual Amor de Dios añade un centro de documentación y la exposición visitable del baile español En Amor de Dios está escrita una buena parte de la historia del baile flamenco y la danza española de los últimos cincuenta años.


Por sus estudios han pasado muchos de los más representativos de estos años: Antonio el Bailarín, Luisillo, Carmen Amaya, Pilar López, Rosario, Juan Quintero, Antonio Gades, El Güito, Carmen Mora, La Tati, Manolete, Tomás de Madrid, José Granero, Paco Romero, Merche Esmeralda, Carmen Cortés, Cristina Hoyos, Antonio Canales, Joaquín Cortés, Javier Barón, Elvira Andrés, Aída Gómez, Lola Greco, María Pagés, Sara Baras, Belén Maya, Rafaela Carrasco y un largo etcétera de figuras, muchos de ellos en activo, junto a otros grandes maestros y coreógrafos.


En sus estudios han obtenido formación y/o han producido sus espectáculos, desde Antonio Gades, varias generaciones de artistas. Dentro de las últimas, nombres como los de Antonio Canales, Belén Fernández, Belén Maya, Joaquín Cortés, Lola Greco, Javier Barón, Aida Gómez, Javier Latorre, Adrián Galia, Joaquín Ruiz, María Pagés, Elvira Andrés, Sara Baras, Antonio y Manuel Reyes, Angel Rojas, Rafael Amargo y multitud de otros profesionales.


El Ballet Nacional de España, bajo la dirección de Antonio Gades, tuvo su primera sede en el emplazamiento histórico de la calle Amor de Dios, y hasta hoy, todos sus directores y gran parte de sus coreógrafos, maestros y bailarines, han estado relacionados, en una u otra etapa al centro."

No ritmo da dança do siri!




Por que hoje eu acordei no ritmo da dança do siri?

Samba da bênção

Acordei ouvindo esta música hoje, que maravilha!

(Vinícius de Moraes)

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
Senão não se faz um samba, não
Senão é como amar uma mulher só linda; e daí?
Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza
Qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado,
Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher,
Feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor
E para ser só perdão
Fazer samba não é contar piada
Quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não...
Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba nãoPorque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração

terça-feira, 19 de junho de 2007

Pior do que a voz que cala, é um silêncio que fala



Pior do que a voz que cala,

é um silêncio que fala.


Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.


Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.


Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas.


Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão.


O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.


É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento.


Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.


Quando nada é dito, nada fica combinado. Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: "Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando!"


É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro.


É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente. Para os seguranças de um show de rock, o silêncio é um sonho.


Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.


O único silêncio que perturba, é aquele que fala. E fala alto. É quando ninguém bate à nossa porta, não há emails na caixa de entrada, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim, você entende a mensagem.


Autoria: Marta Medeiros

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Um encontro na madrugada (Amor é prosa, sexo é poesia?)


É incrível como algumas coisas me acontecem repentinamente, sem projeto algum.


Minha madrugada tinha um pouco de cada ingrediente para ser bastante tediosa, mas não foi, para minha total surpesa.


Meu irmão precisa viajar dia 27, e para tanto, precisa renovar seu passaporte antes de embarcar.


Não sei se todos têm conhecimento, mas ultimamente é melhor dar um rolezinho no inferno do que tirar um passaporte para andar nos céus.


Foi pensando nisso que meus pais vieram de Piracaia para SP ontem a noite (domingo), e como somos uma família bastante unida, combinamos que cada um de nós ficaria em média 3 horas na fila para o atendimento (o revezamentoa foi agendado a partir das 22 horas), em frente a sede da Polícia Federal, que por sorte é bem em frente a minha casa.


No dia anterior eu tive o prazer de assistir o filme o Fabuloso destino de Amelie Poulain.


Que filminho lindo viu, me emocionei, me ajude Amelie!!! E neste dia também li um texto do Arnaldo Jabor sobre o filme. Maktub. Advinha quem estava na fila dos passaportes?


Ele mesmo, Arnaldo Jabor.


Putz, seria inconveniente demais puxar um assunto sobre o texto dele (que eu tinha amado), ou até mesmo sobre o filme (que eu também tinha amado). Nesta linha de raciocínio, tive uma lucidez momentânea de compará-lo ao Ari Toledo. Pois é, se fosse o Ari Toledo na fila eu pediria que fizesse piadinhas para mim, uma reles desconhecida que ele esbarrou na madrugada?


Claro que não, sem critério uma coisa dessas.


Então comecei a meditar (eu sempre penso demais).


Ia puxar assunto sobre o tempo? Não, não, ali não era um elevador.


Ia falar sobre o caos instalado no Hell de Janeiro? Também não era uma great idea para iluminar a nossa, a minha madrugada.


Pô, vou falar do que então? Nada né. Claro.


Mandei um monte de energia positiva a ele, disse mentalmente que ele me inspira, e que quando eu crescer eu quero ser como ele. Brincadeira, não pensei esta última parte não, afinal, já estou velhinha pra pensar uma coisa dessas (ele nem é tãaaao velho assim - embora estivesse numa fila reservada aos idosos - pasmem).


FONFONNNNNNNNN - era minha mainha chegando para o turno dela, e como boa brasileira chegou que chegou, buzinando em plena madrugada (ainda bem que não há hospitais e maternidades nas redondezas da PF). Acabou-se o que era doce. Acordei do que parecia um sonho, de tão absorta que eu estava em meus pensamentos (ainda buscando um assunto pra puxar).


Well, perdi a oportunidade de trocar umas idéias com o Arnaldo Jabor. As 3 horas do meu turno passaram voando. Mas lá no fundo tenho certeza absoluta que ele amou a idéia do meu silêncio, mesmo eu tendo uma voz sexy e rouca (sei lá se alguém acha isso, mas eu acho). Nos recônditos da alma dele eu pude ver que o que ele mais queria era se passar por mais um. Embora ele seja único, e nunca será apenas mais um. Não para mim pelo menos.


Mainha, não puxe assunto com o Arnaldinho, ele está num intenso momento dele com ele mesmo, recomendei.


Então, voltando ao filme da Amelie, lá vai o texto dele sobre o assunto, escrito em 2004 .... a long time ago,


once upon a time ....




Hoje, só as bestas quadradas serão felizes


Fui ver o filme Amélie Poulain, que está estourando nas bilheterias mundo afora.


Disseram-me que era "esperançoso, um refrigerio para o aterrorizante mundo atual". Armei-me de pipocas e mergulhei no escuro. Adorei. O filme é uma perfumaria , mas eu amei.


Durante duas horas, esqueci de mim mesmo. E descobri a verdade inapelável: eu quero, eu preciso me "alienar", como se dizia antigamente. A "alienação" virou uma necessidade social. O filme é uma fábula simpática de uma "neo-Poliana", uma chapliniana mocinha cheia de compaixão, que modifica a vida dos fracassados e infelizes.


Saí do cinema pensando: Amélie, eu quero ser outro. Não quero ser mais eu. Eu não me agüento mais, quero me "alienar", virar, se necessário, uma besta feliz. Eu fazia filmes, mas a vida me levou a virar jornalista, profissão que adoro, mas que me obriga a uma incessante observação do dia-a-dia, fazendo-me amargurado, num crescente rancor por um país que não se conserta, como queria minha geração romântica.


Por isso, Amélie Poulain, venha me modificar, me faça sorrir alvamente, me traga a baba dos idiotas, venha Forrest Gump, me vidre os olhos de parvoice, venha Prof. Pangloss, me ensinar a cultivar o jardinzinho dos babacas.

Enquanto milhões de árabes se acotovelam em Meca, unidos na única certeza de Alá, nós estamos sós. Não temos Alá; só temos o cinema americano, nossas religiões são ralas, não nos prostam a rezar para Meca, como lagartixas felizes cinco vezes por dia; vivemos dentro da angustiante democracia liberal, que nos amaldiçoa com esta liberdade inútil. Por isso, Amélie Poulain me inspirou uma lista de conselhos de auto-ajuda para nos devolver uma abjeta e deliciosíssima felicidade neste mundo sinistro.


Eia! Avante, românticos sofredores, cidadãos nostálgicos do Bem, aqui vai um Alcorão substituto, um guia de sobrevivência na selva global. O princípio básico é o "Não" - a negação de evidências, a técnica de nada ver, a "conduta de evitação", como fazem os fóbicos. "Não" olhar a miséria nas ruas, evitar os menininhos nos sinais cariocas, principalmente a nova invenção dos pequenos desgraçados, fazendo malabarismos com três bolinhas para ganhar esmola, menininhos esfarrapados diante de BMWs indiferentes.

"Não" olhar mães com nenéns no colo nos meios-fios e, se por acaso, entrarem em nosso campo de visão, imediatamente convocar a moral de classe média de que "essas mães podiam trabalhar, mas não o fazem por preguiça de enfrentar um tanque de roupa". "Não" ver noticiários, nem ler os jornais ácidos e veristas; não ver, por exemplo, os desgraçados sem-teto que serão expulsos à bala no Pará, enquanto o Jarbas Barbalho tem habeas-corpus. Diante da injustiça, blindar-se, lixar a alma, laquear o coração.

Mas, não pensem que somente a "alienação" é um bom procedimento. Podemos ser felizes também com "ideologias". Por exemplo, diante da tal "globalização" da economia, podemos ter duas atitudes. Uma, é acreditar, lívidos de certeza, que o livre mercado vai tirar o homem de suas dores e que a riqueza choverá sobre os emergentes, como festas da uva. Esperança neoliberal. Ou, então, cheios de entusiasmo, como em Porto Alegre, acreditar que homens e mulheres com camisetas de Guevara e tocando o tambor de Mercedes Soza ou com as "veias abertas" de amor pela América Latina, como Galeano, conseguirão reverter a exclusão e a fome, apenas pelo dom mágico das palavras de ordem. Esperança de "esquerda".

São as delícias do auto-engano: nas duas posições, de olhos vidrados, arfantes de certezas, evitaremos o incômodo de ver a evidente vitória do capitalismo mais bruto. Dica de felicidade: esquecer a Arte. Isso mesmo. Essa tal de "Arte" que sempre nos evocou um ideal de harmonia, essa saudade da natureza da qual nos exilamos, essa fome de eternidade tem de acabar de uma vez por todas. Abaixo Bach, Goya, Shakespeare, Rimbaud e toda uma lista negra de velhos idiotas.


Devemos nos banhar nos filmes americanos, nas audições de axé music, de pagodes e raps, de bundas e garrafas, até o momento em que, tomados pela revelação pós-moderna, exclamarmos em lágrimas: "Sim, sim, Schwarzenegger, sim, techno music, sim Celine Dion, sim Phillipe Starck, sim Grisham, sim, eu vi a luz! Aleluia!" Outra dica: tirar da cabeça o velho hábito ocidental do criticismo. Aceitar tudo que nos é oferecido, com lábios trêmulos de gratidão: "Sim, sim, Silvio Santos, sim, Ratinho, sim, Edir Macedo, sim, obedecemos..."

Há muitas formas de ser feliz. Pode ser pela adesão ao princípio do "melhor dos mundos", das pequenas maravilhas do cotidiano: "Ohh... como é belo o amor à vida que esses favelados têm..." ou por uma transposição fatalista meio oriental : "Ohh... esta enchente que matou 200 estava escrita - deve ter um lado bom..." Também é possível ser feliz pela entrega total a uma infelicidade, a um pessimismo absoluto tipo Cioran, pela deliciosa alegria dos céticos, pelo desprezo pela vida lá fora. Sem esquecer os "militantes imaginários" que torcem pelo "bem do Homem", como pelo Palmeiras, com a consciência limpa, em casa, de pijama.

Meus mandamentos de felicidade atual não caberiam neste artigo. Mas as regras básicas são: esquecer os outros e só atentar para si : "Eu sou mais eu..." Entregar-se ao consumo: "A felicidade é meu jeans Calvin Klein." Entregar-se ao narcisismo radical: "Não há popozuda mais siliconada na Avenida." A busca da ignorância mais negra: "Não me venha com papos-cabeça!" Ou mesmo a adesão ao mais remoto feudo-cabeça: "Fora Mallarmé, o resto é lixo..."

E só assim, "alienados", com os olhos bem tapados, com o coração lacrado, com o cultivo da estupidez, com a devoção à baba elástica e bovina dos imbecis, poderemos chegar à revelação final e, num rasgo de felicidade, amar para sempre a beleza do excremento!

domingo, 17 de junho de 2007

O AMOR NÃO TIRA FÉRIAS





Esse filme é M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O!!!!!!!


ISH, acho que eu poderia facilmente ter escrito o roteiro, é exatamente o que eu penso e sinto , sobre tudo que aparece ali ....


Ai que saudade.

sábado, 16 de junho de 2007

Saudade dói demais

Eu sinto muita saudade
Saudade dói tanto
Mas a pior dor é daquela que você sente por uma pessoa que sequer sabe dos seus reais sentimentos, e pior ainda, do quanto seria importante você falar com ela.

Parece uma condenação antecipada, sem direito a qualquer defesa.

Nem sei se teria algo a ser defendido, mas gostaria de ter uma oportunidade de desabafar, e de seja lá o que for, apresentar minha versão das coisas.

Meus sentimentos sempre foram sinceros, e se há algo escrito, a pessoa poderia reler tudo, e sempre ver a minha postura.... os acontecimentos teriam mais lógica, dentre um turbilhão de pessimismos.

Eu jamais seria capaz de prejudicar esta pessoa, jamais.

E me dói a alma e está me corroendo a vida saber que esta pessoa não atende as minhas ligações, e de uma hora para outra um elo foi quebrado, aparentemente por culpa atribuída a mim, sendo que a minha parte foi apenas ser eu mesma e amar demais.

Até por isso que o anonimato foi a saída, por um tempo.

Só através dele as conversas estariam preservadas, conversas estas que EU SEMPRE QUIS TER, E ESTAVA TENDO A OPORTUNIDADE.

O gozado é que ninguém conhece a real história, talvez só eu mesma que saiba tintim por tintim de todos os porques, começo, meio e infelizmente, o fim.

Estou esgotada. Precisava sumir novamente.

Não sei o que fazer, e se ao menos a pessoa lesse esse blog, saberia que poderia aliviar a minha dor, me dando uma chancezinha de conversar com ela.

Ontem eu estava forte, achando que tinha superado tudo isso.

Hoje estou fraca, e sentimentos antigos me voltam à tona.

Já rezei, pedi intervenção divina, mas nada. Agora tenho certeza que Deus não interfere no livre-arbítrio de outra pessoa, mesmo que seja para que uma outra pessoa conseguisse tirar um peso do peito.

O meu erro é sempre valorizar demais certas coisas, que geralmente são à pessoas que não me dão valor algum.

Eu estou BEM chateada. Hoje eu só queria que o dia terminasse bem.

Que meus telefonemas fossem assistidos.

Que eu pudesse a chance de amar e ser correspondida.

Que não houvesse distância e obstáculos.

Sei que é muito, mas pôxa, tanta gente deve estar feliz hoje, e eu, que sou filha de Deus também, porque não estou tendo a chance dessa tal felicidade?

Não sei se conseguirei esquecer.

Nem sei se voltarei a postar.

Hoje tudo dói demais.

E mesmo não havendo uma perda física, há uma enorme perda moral, pois sinto que sou acusada de coisas que não cometi e jamais seria capaz de cometer.

Ser sincera e amar pessoas erradas, isso sim são meus crimes.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Morrer as vezes não é preciso



ESTA É, INFELIZMENTE, UMA HISTÓRIA VERÍDICA.

Dia 14/06/07, 04 da manhã, toca o telefone da minha casa.

Como telefonemas a esta hora sempre são suspeitos, como um atleta olímpico dei um pulo da cama e alcancei o telefone, tremendo bastante (nas madrugadas silenciosas qualquer barulhinho é um barulhão, imagina o que não senti com o telefone que disparava alucinado).

EU - Alôuuu

A VOZ - É da casa da Dona Andrea?

EU - Sim, é ela quem está falando (neste instante tive vontade de dizer à esta voz que morava sozinha, e se não fosse eu, seria certamente - e na melhor das hipóteses - um assaltante que estivesse ao telefone, mas eu estava ansiosa demais, deixei este meu lado SEU SARAIVA pra depois)

A VOZ - Então... suspiros, estou ligando pra dizer que o seu Tio MANO morreu.

EU - MORREU? COMO ASSIM MORREU? ELE NÃO TINHA NADA, NENHUM SINTOMINHA QUE INDICASSE MORTE A CAMINHO. E A MINHA TIA YOLANDA, COMO ELA VIVERÁ SEM ELE?

-------

A partir daí a quinta-feira havia oficialmente começado para mim.

Voltei para a cama e pensei: "vou voltar a dormir, eu ando um pouco nervosa, e acho que estou tendo um pesadelo pesado demais, misturado com sonambulismo".

Dei duas rodopiadas na cama, arregalei meus olhos e aí caí na real.

A morte, principalmente as anunciadas de sopetão no meio da noite, tem uma capacidade tremenda de me anestesiar.

Nunca tomei um remédio que conseguisse fazer comigo o que o aviso de uma morte faz.

Fico paralisada. Estática. Por minutos que parecem dias.

Vou ligar para quem? Por onde começo?

Meu Deus, é nestas horas que me cai a ficha que sou sozinha no mundo (ou assim eu me sinto, principalmente quando mais um alguém que eu amo vai embora).

É verdade penso eu, não tenho pra quem ligar. Vou avisar meus pais, mas com certeza eles já sabem e não me ligaram ainda porque querem me poupar.

Coloquei minha carapuça de super-mulher, super-advogada, super-conselheira, e lá fui eu, ainda na noite escuríssima de São Paulo.

05 AM - A primeira maratona foi a liberação do corpo do IML.

Eu, acostumada com crimes e principalmente a conviver com criminosos, não passo nem perto do IML. Se passo (quando tenho reunião ao lado dele, no Gabinete do Secretário da Saúde) viro a cara, finjo que não vi aquele edifício que só tem uma áura negra e densa.

Mas lá estava eu. Por princípios (alheios) teria que ser eu ali. A super-advogada que trabalha numa super-Secretaria, e que assim, conseguiria liberar um corpo rapidinho.

Quanto engano.

Que martírio. Voltei a achar que estava de fato tendo um pesadelo. Por instantes a idéia de ter pesadelo me pareceu tão maravilhosa que nem consigo expressar.

Voltei à realidade.

Durou "pouco" a via-sacra: em 5 horas consegui fazer o que todos esperavam que eu conseguisse em minutos, num estalar de dedos. E só consegui porque Deus colocou pessoas com muita boa vontade no meu caminho.

10 HORAS - Lá fui eu, para um lugar que naquele momento era pior ainda que o IML - A CASA DA VIÚVA

Se vocês conhecessem este casal, entenderiam meu pavor.

No momento do anúncio da morte, o que mais pensei foi na viúva. Sim, porque ela e o DE CUJUS eram unha e carne, almas-gêmeas, não se desgrudavam por nada neste mundo.... isso por longos 55 anos. Imagina o que estava por vir!!!!

10h30min - CASA DA TIA YOLANDA

Bom, fiquei com minha titia, mas também com a madrinha, prima e minha mãe (que cá entre nós acho que conseguiu uma proeza: veio de Piracaia a 200 por hora num Gol 1000 - essa é minha mãe!)

As mulheres mais chegadas da família estavam ali, naquela cozinha, que sempre foi palco de risadas, piadas, e até choros coletivos, mas sempre para uma dar um apoio a outra.

14 HORAS - Meu celular toca. Era uma ligação do meu trabalho. Soltei um palavrão, porque me senti MUITO indignada de estar recebendo ligações do trabalho naquele momento. Mas com voz rouca e fingindo compreensão, atendi a merda do telefone.

ELE - "Oi, queria saber que horas você chega, porque preciso que você tire uma ficha pra mim"

EU - "Ficha? Cacete pensei eu, que ficha que esta pessoa não conseguia tirar, uma vez que tem acesso aos mesmos sistemas de informação que eu tenho???????"
Me contive e disse "Tá bom. (rosnei um PORRA), acabei de liberar o corpo do IML, estou consolando uma viúva, estou depressiva, mas vou aí tirar a (PORRA) da ficha."

14 h às 19 HORAS - Fiquei no trabalho, e aquela ligação que motivou minha ida foi um blefe. Não era a tal ficha o xis da questão. O interesse residia num um relatório que precisava ser entregue, pois uma ALTA autoridade do judiciário iria se foder com meu parecer, e eu precisava entregar logo aquela merda.
Pô, este filho de uma puta já fez tanta cagada enquanto era juiz, será que não dava pra esperar mais um dia para a sentença final dele ser proferida? Ainda mais por mim, que nem sou do Judiciário?????

Vai ter azar assim lá longe viu.

Saí fugida do trabalho. Nem me disseram TCHAU quando eu disse que precisava MESMO ir (para o velório).

Nem preciso dizer que daí por diante foi uma maratona de choros, desesperos, quanta tristeza meu Deus.

Uma pessoa querida me ligou lá pelas 21 horas. Puxa, mas a pessoa nem quis falar comigo. E justo eu, que PRECISAVA tanto de um carinho, de atenção. MERDA.

Tem certas horas que seria muito legal se as pessoas tivessem mais sensibilidades, ao ponto de lerem os pensamentos alheios.

Como a pessoa não retornava a ligação conforme prometido (eu lembro que prometeu sim viu), retornei eu, pisei no meu orgulho e já estava preparada até pra chorar e ser tachada de doida.

A pessoa não atendeu minha ligação. Nem retornou a madrugada inteira.

Sim, não tem como deixar de passar em branco este fato, pois eu fiquei a madrugada inteira ACORDADA. Acordada e chorando eu diria.

-------

Eu não sei o que quis contar escrevendo tudo isso, mas estou com muitas coisas na minha cabeça, e preciso sair despejando, mesmo que ninguém venha a ler este blog por semanas a fio.

-------

A morte não avisa que está chegando.

Não manda nem um email sequer. Podia não informar o potencial defunto, mas que informasse os que ficarão na terra né pôxa vida. Entre uma imensidão de injustiças que a perda causa essa seria uma saída ao menos um pouco justa.

Sabe, é muito FODA como a gente perde tempo na vida com imbecilidades.

obs: Minha boca está muito suja hoje e desculpem-me as expressões de baixo calão, mas não conheço nenhum outro sinônimo que expresse fielmente o que eu queira dizer com estas super-pérolas.


Vou fazer uma faxina na minha alma.

Vou tirar (aos poucos) o que não presta da minha vida (aos poucos porque tem umas coisas que ora parecem uma praga que me rogaram, ora me lembram vírus mal tratado).

Vou me focar mais, pois não sei se amanhã esterei viva.

Talvez até trabalhe um pouco menos, faça ginástica a mais, e preste mais atenção nos carros quando for atravessar as ruas.

Vou abandonar o salto alto e assumir minha altura. Apesar que acho que não, fico biiitinha de salto alto.

Se ELE não ligar? Problema dele. Tem quem ligue, quem me valorize, quem me ache legal, super amiga, companheira, espiritualizada, etc. Ou seja, foda-se. Azar o seu, o dele, e de todo mundo que achar que me ligar é segunda opção.

Ou seja, jamais trate como prioridade quem te trata como opção.

Vou berrar a aqueles que eu amo, que de fato eu os AMO MUITOOOOO, mesmo que possa parecer ridícula, insana, drogada. Foda-se também.

Amanhã pode ser tarde pra dizer isso, e eu estou BASTANTE consciente disso.

Tem pessoas que me fazem muita falta: meus pais, meu irmão, os Gier, minha prima Nathália, o Danilinho priminho lindo, a Madrinha Raquel, o tio Ernesto, minha vó Magdalena, meu Vô Antonio, meu tio Edison, a Renata irmãzona, a Amanguinha, o fulano de tal que sou apaixonada, fora muitos outros queridos que fazem parte do meu dia-a-dia. Muitos, porque meu coração é gigante (não estou nem um pingo modesta).

Todos estão vivos, e todos os dias, daqui por diante, vou dizer a eles o quanto eles são importantes na minha vida, que sem eles minha vida não teria motivo inclusive. Seria aliás mais vazia do que tem sido, com a ausência física deles.

Sempre fui auto-suficiente, desde pequena. Hoje vejo que preciso dos outros, e que ser cuidada, ao invés de só querer cuidar, me faz bem.

Vou deixar as pessoas me amarem. Sim, porque as vezes sinto que não sou digna do amor delas.

Nunca fui materialista, e é da minha natureza não o ser.

Se já não era, agora que não tenho a menor chance de me tornar uma.

Para mim o que importa é o espírito, o coração, a alma. O que fazemos de bem para o mundo, e como o mundo retribui isso a nós.

Semeio todos os dias. Por onde passo dou o melhor de mim (como filha, irmã, amiga, companheira, aluna, amada amante, seja lá o que for, e todos os demais rótulos que me acompanham, dependendo do referencial do observador).

Sou uma amiga devotada,
Sou atenciosa,
Sou alegre,
Sou fiel que nem cachorro,
Sofro muitas vezes em silêncio,
Não exijo nada de ninguém. FREE WILL baby, cada um tem o direito nato às escolhas que achar mais razoáveis.

Estou amando mais, valorizando mais as pessoas que também me amam.

No fundo são estas pessoas, e somente elas, que podem me dar os sintomas de paz, alegria e ternura, que por inúmeras vezes depositei em mãos erradas, que não souberam fazer bom uso do meu coração.

A partir de hoje não vou sofrer pelos meus fracassos, frustrações, pois são MUITA perda de tempo.

Vou chacoalhar o mofo e sair dessa redoma.

Eu quero ser feliz.

E mais uma vez: Não ligou? Que peeeeena. O azar é só o seu. Sou artigo RARO!

E a vida passa... e de repente tudo passou, sem que tenhamos outra chance para resgatar tudo que perdemos.

E TENHO DITO.

Análise da Morte - Pedro Bial

Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos. Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada.

Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena. Mas nada acontecia ali de risível, era só dor e a perplexidade, que é mesmo o que causa em todos os que ficam.

A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo.

Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?

Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer.

A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu.

Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente…

De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis. Qual é? Morrer é um chiste.

Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas.

Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.

Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito. Isso é para ser levado a sério?

Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo.
Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo?

Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero.

E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.

Por isso viva tudo que há para viver.

Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida…

Perdoe….sempre!!!

(Pedro Bial)

quinta-feira, 14 de junho de 2007

A culpa é dos astros, certeza.

Tem dias que eu acordo deprimida e aí, depois, eu penso:
- Deve ser uma coisa astral. Algum planeta fora do lugar. Um alinhamento das constelações. Retorno de saturno, eclipse, desmantelamento da via láctea.

É bem reconfortante, melhor do que pensar que você está deprimida com a própria vida.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Amor, vamos discutir a relação?

Mário Prata



DISCUTIR: defender ou impugnar (assunto controvertido); questionar.
RELAÇÃO: comparação entre duas quantidades mensuráveis. (Aurélio)


Há alguns anos, eu e minha mulher (hoje ex-) fomos convidados pelo cantor e compositor João Bosco para assistirmos ao show dele no Teatro Municipal de Santo André. Como não sabíamos o caminho, João Bosco, que ia com a Kombi da gravadora, ofereceu-se para uma carona. Pegamos ainda o genial jornalista policial Otávio Ribeiro (Pena Branca) e sua noiva no Hotel Cineasta no centro de São Paulo e lá fomos nós. Pena tinha acabado de escrever um livro chamado Barra Pesada.

Quando chegamos, o teatro estava superlotado, não havendo mais espaço nem no chão. O produtor do João nos arrumou quatro cadeiras e lá ficamos nós num cantinho do palco. No centro, com foco de luz, apenas o João, o banquinho e o violão.

Foi quando tudo se deu. Pena Branca e a noiva começaram uma discussão no palco. Lá no cantinho, para constrangimento meu e da Marta, enquanto João Bosco reclamava de "um torturante bandeide no calcanhar". Da discussão partiram para um bate-boca de baixíssimo nível. Altos brados e baixos calões. Começaram a se xingar. O que aconteceu é que as mais de mil pessoas que lotavam o teatro começaram a desviar os olhos do centro do palco para o canto. Ali, naquele pequeno espaço cênico, estava acontecendo um outro espetáculo. Um casal DISCUTIA A RELAÇÃO, com o João Bosco fazendo um mero e distante fundo musical. Foi um sucesso, para desespero meu e da Marta, meros figurantes sem fala, porém boquiabertos. Não sei se o meu saudoso Pena Branca continuou com a moça depois daquele dia. Sim, porque quando se começa a DISCUTIR A RELAÇÃO é, quase sempre, porque não existe mais relação. Apenas discussão.

DISCUTIR A RELAÇÃO é um ato recente. Antigamente, lá pelos anos 60, não se fazia isso. Quando o namorado ou a namorada chegava para o outro e dizia: "Sabe, eu estive pensando...” Pronto, o ouvinte já sabia que era o fim. Não havia mais o que discutir. Saía cada um para o seu lado dizendo que houve (que saudades) uma "incompatibilidade de gênios". Isso resolvia tudo.

E os nossos pais jamais discutiram a relação. Nem mesmo a relação sexual. Dava-se uma porrada e não se falava mais naquilo. As mulheres (infelizmente) sabiam do seu lugar ao lado do fogão, sem o fogo do amado.

Mas o mundo girou, a lusitana rodou, vieram os psicanalistas e as feministas. Sim, foram eles que instigaram as mulheres a DISCUTIR A RELAÇÃO. Sim, são sempre as mulheres que começam (e acabam) as discussões e as relações. Os terapeutas, porque colocam na cabeça da gente que devemos dizer tudo que pensamos da pessoa amada para ela e não para o melhor amigo. E as feministas, bem, as feministas...

Mas, antes de surgir a expressão DISCUTIR A RELAÇÃO, tivemos outros nomes para a mesma desgastante peleja. "Vamos dar um tempo' não durou muito. Depois surgiu "Nossa relação está desgastada". Por que não "gastada"?

Hoje, modismo ou não, não há casal que não DISCUTA A RELAÇÃO, pelo menos uma vez por semana, igualando ao número de atividades sexuais. DISCUTE-SE A RELAÇÃO nos mais variados lugares. Alguns sombrios, outros perigosos.

O melhor lugar para se discutir a relação é na sala. Está-se próximo do uísque, da televisão que pode ser ligada a qualquer momento e mesmo da porta, para uma saída furtiva e quase sempre covarde. E é ótimo DISCUTIR A RELAÇÃO andando em círculos, com um copo na mão, um ouvido na fera e um olho no futebol. Sim, as mulheres adoram esta atividade aos domingos. Eu tenho um amigo que, quando quer sair sozinho com os amigos, diz: "Vou até lá em casa e dou um jeito de DISCUTIR A RELAÇÃO com a patroa, ela fica irritada e eu tenho um motivo para voltar aqui para o bar'.

DISCUTIR A RELAÇÃO no quarto só tem duas saídas. Tudo terminar numa belíssima e lacrimejante cena de amor (às vezes, até com uns tapinhas carinhosos) ou a ida de um dos meliantes para o outro quarto. No quarto, é impossível se tratar deste assunto impunemente. Principalmente se os dois atletas estiverem deitados. E nus. E se houver alguma faca por perto. Vide Robbit.

No carro, é um perigo. Deveria haver multa para esses casais que colocam em risco não apenas a vida deles, como também dos transeuntes e demais carros. DISCUTIR A RELAÇÃO dentro do carro sempre acaba em trombada na cara. E quem está dirigindo leva sempre a pior. Ou então propor um rodízio. Segunda, não discutem casais com final 1 e 2. Terça, 3 e 4. E assim por diante.

Agora, não há nada mais desagradável do que DISCUTIR A RELAÇÃO por telefone. É um horror. Geralmente é de madrugada. Longos silêncios... "Você está me ouvindo? Você está aí?" A gente não vê os olhos da outra pessoa, o sarcástico sorrisinho, a pequena lágrima rolando. Sem falar na conta do telefone.

E no restaurante, vocês já repararam? Sempre tem alguns casais que chegam calados, comem calados e calados saem. Um não dirige a palavra para o outro. Ledo engano. Eles estão, em silêncio, DISCUTINDO A RELAÇÃO. Acho uma covardia DISCUTIR A RELAÇÃO em silêncio. Eles não falam nada. Ela fica quebrando palitos e ele rasgando o guardanapo de papel. Imundando o restaurante.

Já os mais modernos DISCUTEM A RELAÇÃO via Internet. Ele digita um disparate para ela na Vila Madalena, o texto vai para um satélite, dali vai para Columbus (Ohio, USA), volta ao satélite, baixa na central do Rio de Janeiro e, finalmente, entra no computador dela em Pinheiros, a uns 500 metros de distância. Depois é a vez dela fazer o mesmo. Coitado do satélite que tem que decifrar aqueles palavrões todos. Em português, é claro!

Mas o pior não é DISCUTIR A RELAÇÃO. O pior é pagar fortunas a um profissional, sentar-se numa poltrona ou divã e ficar ali, durante 50 minutos, por intermináveis semanas, meses a fio, anos seguidos, repetindo tintim por tintim como foi a nossa última conversa com o ser amado, fazendo um esforço danado para lembrar fala por fala, todos os diálogos. E o terapeuta lá, com aquele olho de peixe morto, caído, quase bocejando, ouvindo, pela oitava vez, naquela mesma tarde, a mesma nauseante história de amor.

Sim, porque com ele a gente não DISCUTE A RELAÇÃO. Discutimos, no máximo, o preço. Da nossa dor.


Texto extraído do livro “100 crônicas de Mário Prata”, Cartaz Editorial – São Paulo, 1997, pág. 163.

Conheça a vida e a obra de Mario Prata visitando "Biografias".

Miojo sentimental

Em dez minutos, pronto, você está lá na maior das intimidades com a criatura. Tudo aquilo que demorava dias, meses, com as missivas ou flertes da vida real, virou coisa de segundos nesse outro plano.

É o amor nos tempos do Messenger... Tudo muito rápido, espécie de miojo sentimental, emoções baratas, 3,5 minutos, ferveu, fodeu!

Você nem carece pegar na mão, já vai direto pra cama, pra detrás da moita mais platônica. Não carece nem cantar Paulinho da Viola, olá como vai, quanto tempo, pois é, quanto tempo...

E não é coisa apenas desses moços, pobres moços. Minha amiga K., por exemplo, 55 anos, Madame Bovary dos tempos digitais, tem quatro amantes “fixos” virtuais, além do marido de carne, osso e ronco, como ela mesma diz. “Vou deixar um deles, pois não tem comparecido a contento”, solta a blague. Todos jovens, quase donzelos, meu Deus.

Antes bastava ficar de olho na chegada do carteiro, o bravo homem de amarelo, com o seu embornal de cobranças, boas novas ou lágrimas...

Amor e tecnologia, um falso abraço. No princípio era apenas o bina, e matou o velho mistério do telefonema mudo e anônimo. Ofegante, a criatura, apaixonada, ligava só para ouvir a voz do obscuro objeto de desejo do outro lado da linha. Ou mandava uma música do Rei, de preferência a mais romântica: “Vou cavalgar por toda noite, numa estrada colorida...”

É, o telefonema dos desencorajados do amor, esse clássico das antigas, está praticamente enterrado.

Depois, chegou a telefonia móvel. Uma revolução na crônica de costumes. O fim de muitas desculpas canalhas. Tipo aquele homem que tomava um chá de sumiço e voltava, batom até no lenço d´alma, com os álibis mais inverossímeis desse planeta.

Outra alvissareira função do celular é fugir dos mal-assombros sentimentais. Você quer ir numa festa e sabe que aquele infeliz pode estar lá, serelepe, nos braços de uma “vagabunda” qualquer. Uma ligação e pronto, o amigo dá o serviço completo das assombrações. Pena que o mesmo aparelho também sirva para matar as surpresas, o friozinho na barriga, aquela coisa toda, lembra?

O amor nos tempos do Messenger. E o novo problema já está ficando velho, grego, decifra-me ou te deleto: como transformar uma tara platônica em uma trepada homérica?



Escrito por xico sá
http://carapuceiro.zip.net/

Lágrimas no metrô

A moça chora no metrô.

Por que chora aquela moça?

Sempre acho que todo choro é ou deveria ser por amor, que me perdoem a pobre rima que reverbera aqui embaixo, nos subterrâneos, underground, tantas linhas depois daquela criatura deslizar o inferno rolante, lá no primeiro batente, e cair aqui, passos que conto como o rapaz do crime russo, degraus que ignoro para esquecer o tamanho da queda, deus, vixe.

Uma grande dívida nunca nos põe a chorar de verdade. Por um familiar, choramos diferente. Desemprego? Não. Se não teríamos um Tietê, um Capibaribe, um Paraíba, um São Francisco a cada segunda-feira, cada esquina, lágrimas que manchariam a tinta dos classificados e seus quadradinhos lógicos, portas na cara, quem sabe da próxima, projeto ilusões perdidas...

A moça tenta não soluçar, mas soluça. Terá discutido a relação, a velha d.r., à boca da estação Paraíso? Veste roupa de trabalho sério, e chora. Daqui a pouco estará sentada na sua cadeira de secretária, exímia, bilíngüe, a serviço do capital da avenida Paulista.

Mas por enquanto chora a moça do metrô e é o que nos importa. Se não for por amor, eu morra. Terá levado um pé-na-bunda? Terá visto o casamento pelo binóculo do sr. Nelson Rodrigues?

Perdoa-me por me traíres?

Estação Consolação.

Salta a moça que chora no trem veloz.

Sempre há uma criatura a chorar no ônibus, também, ou again, dores pra amolecer o asfalto, sopra minha amiga Claudia Leal, que sempre pensa oferecer um ombro, um olhar de conforto, na linha Campinas/São Paulo.

O amor é sempre assim, começa no paraíso e termina na consolação.

Como no metrô.



Escrito por xico sá

Para as afilhadas de Sartre

-Só não vou te perguntar se vens sempre aqui porque a casa inaugurou hoje.

Acreditem, com esta abordagem, uma rápida e metalinguística variação do infrutífero clichesão “vens sempre aqui?”, mr. Abelha, um amigo que flana na noite de SP, despertou na gazela um daqueles sorrisos que muitos bacanas só conseguem em troca de um diamante, um presente da Tyffani´s ou 12 trabalhos de Hércules.

Mr. Abelha não tem bala na agulha para bancar uma bonequinha de luxo, também não é um típico “maníaco do trechinho”, como chamamos aqueles supostos intelectuais que disparam duzentas citações e frases de efeito por minuto.

Ele tem apenas a manha de fazer sorrir a mais existencialista das afilhadas de Jean-Paul Sartre. E isso é o que conta no primeiro momento, seja qual for o estilo do cavalheiro.

Processo de desdemonização do alheio

Para romper, geralmente a gente tem que endemoniar. Não vá dizer, baby, que isso é coisa minha, coisa de quem tem pouco amor no coração (na verdade eu tenho um monte), ou pouca civilidade (eu tenho um monte). Isso eu aprendi com a vida e com a psicanálise.

Quando vim morar em SP, precisei odiar o Rio. Hoje, posso amar os dois lugares e simplesmente preferir morar aqui, mesmo com os ataques do PCC. Entendeu a metáfora? Você tem que pintar um diabo quando se separa de alguém. O tempo passa. E isso vira desnecessário. Na real, uma hora você cansa até de ter bode.

Mas como desdemonizar alguém? Não tem igreja que te ensine a fazer isso. E você tem que auto-tirar um demônio da pessoa. Que no caso é você mesma.

É preciso lembrar de bons momentos. É preciso repetir o clichê: "às vezes as coisas não dão certo". É bom lembrar que não tinha mesmo porque dar. E que a vida segue. O ex não é um demônio só porque o amor deu errado. Não, não é.

Mas porque entrar no difícil processo de desdemonização do alheio?

Pra tirar um peso e perder a mágoa. Acho que é só por isso. E pra estar melhor na hora em que o novo amor chegar. E também porque ter raiva cansa.

PS. Esse é um processo pessoal e intransferível que não requer a participação do alheio. Vale mandar e-mail dizendo que entrou no processo. Mas só como desabafo. Se ele não responder, dane-se. Quem quer se livrar é você.

(Por Nina Lemos)

Tenefoninho

Vou ligar para ele.
Mas é que tá no meio do jogo.
Mas ele não torce para este time.
Mas é que é a final da Libertadores.
E ele adora futebol.
Foi até na pelada.
Por isso que eu não liguei antes.
Melhor esperar pelo intervalo.
Chegou o intervalo.
Mas é que eu tava no telefone contando para ela que....
"Tenho um babado"
"Jura? Qual?"
"Não conta para ninguém"
"Tá, não conto. Juro".
Ish que acabou o intervalo e eu não liguei.
Vou ligar.
Vai que ele não tá nem vendo o jogo.
Vai que tá.
E vai responder "a-ha. a-ha".
"Tô atrapalhando você ver o jogo?"
"Tá não nega"
"Sabia que hoje eu fui atropelada por sete ratos gigantes na rua."
"Ah foi? A-ha. Que bom linda."
Melhor não.

Mas será que eu ligo?
Afinal, o jogo já tá definido. Ou não?
Não. Porque agora empatou.
O jogo vai pegar fogo.
O homem de cabelão já até levou cartão.
Vão dar chutes, socos, pontapés, tapas e garrafadas.
Mas nem é o time dele.
Será que eu ligo?
E se é empate ganha quem?
Será que eu ligo?
Porque tem uma pessoa na arquibancada segurando um cartaz "Japão aí vamos nós?"
Fim do segundo tempo.
Os de vermelho comemoram.

Será que tá tarde para ligar?
Mas e se... ele for do tipo que dorme bem cedinho?

02 Neurônio - Jô Hallack

O primeiro encontro real

Nos primeiros encontros, você quer impressionar. Quer dizer, você quer é fazer sexo loucamente. Mas no primeiro-encontro-real, aquele combinado, esperado e pensado, você quer impressionar. E fazer sexo loucamente.

Afinal, nos encontros contemporâneos, você não tem tempo de saber muita coisa do pretê antes de sair fazendo sexo loucamente. Mesmo quando ele não é um passante, mas sim um bom moço com ótimas referências, você só vai saber que ele só toma café expresso no primeiro-encontro-real. E que vocês estudaram na mesma faculdade mas nunca repararam um no outro. Isso, você só sabe bastante tempo depois, lá pelo sexto encontro. E que na cronologia da pretendência atual, vira o primeiro-encontro-real.

E nesse encontro "querendo impressionar" você faz coisas bem peculiares, como lavar louça e varrer o chão! Conversa com o gato. Abandona os amigos e a família. E conta sobre erros horríveis do passado (mas isso só se a pessoa descobrir antes. Senão é melhor omitir).

Uma coisa muito valiosa no primeiro-encontro-real é não querer impressionar MUITO. Tipo presentear o pretê com um livro 02 Neurônio, sendo você uma das escritoras. Afinal, ele vai achar que realmente você viveu aquilo tudo, inclusive os textos sem assinatura. E isso pode causar uma impressão errada e você sofrer as consequências. Então, se você tem um blog ou fotolog ou livro ou coisa do gênero, muito cuidado antes de mostrar!

Mas a melhor coisa do primeiro-encontro-real é saber que você vai ter o segundo encontro. E o terceiro e o quarto. Mesmo tendo que percorrer 400 quilômetros para isso. Será?????

2 Neurônio - Affonso

No mundo dos silogismos

É um porão sujo e úmido, seus pés e mãos amarrados. Comida, uma vez por dia. Não há luz, por sorte, senão veria as larvas passeando pelo prato. O café é péssimo, uma água preta suja. Mas você bebe, por causa do vício. Isso faz aumentar a sua insônia, a ansiedade e os ataques de pânico. Uma escada leva ao andar de cima onde um cão de quatro olhos que responde pelo nome de “meu bem” faz a guarda. Na sua última tentativa de fuga, ele mordeu sua barriga, que agora tem um buraco cheio de pus e sangue. Não existem médicos, nem remédios. Talvez, logo, você morra de infecção. Passando pelo cão, 80 homens armados recrutados no Complexo do Alemão jogam cartas e te esperam com fuzis, peixeiras, granadas, punhos de aço e tatuagens rabiscadas na prisão. Eles também não gostam muito de você. De vez em quando descem e te enfiam a porrada. Te chamam de boneca, coisa linda e o resto, você já sabe. O grande portão de ferro está trancado com cem cadeados. O centésimo só é aberto com uma senha alfa-numérica de 33 posições. O vigia, único que sabia da combinação, foi devorado pelo cão por engano. Do outro lado do portão, o deserto. São cinco dias e cinco noites de caminhada numa temperatura que faz até o diabo querer ventarola. Para sobreviver, só contando com a sorte. E com a compaixão dos urubus.

É por isso, amor, que você não me liga.
Só por isso.

http://02neuronio.zip.net/rapazes/

Eu te amo

No começo você fala no máximo: você é demais. Você é incrível. Você é um fofo.

Daí as coisas evoluem. Você pensa: Já é hora de liberar o "eu te amo"? Não! Ainda não. Afinal, ele não falou nada. E a pior coisa que pode acontecer numa pretendência é você falar o "eu te amo" no momento errado. Porque simplesmente a pessoa pode falar: que bom! Ou rir amarelo.

Então você começa a falar um "eu te adoro". No fundo, eu te amo e eu te adoro são quase a mesma coisa. Mas o eu te adoro é menos impactante.

Até que um dia, depois de várias champanhes, ele fala: eu te amo. E daí você libera. Sem nenhum risco de ouvir da pessoa: ah ta.

Só que mesmo no começo, o "eu te amo" não é liberado totalmente. Você não acorda e sai gritando eu te amo aos sete ventos. "Você é muito contida", diz o pretê. Tombos amorosos, você pensa. Muitos eu te amos em vão. Agora o momento é de cuidado.

Mas aí um dia um telefonema descontrol é dado no meio da madrugada apenas para dizer um eu te amo. Daí liberou. Geral. Inclusive, se eu quiser, posso mandar fazer um faixa daquelas escrita Eu te amo e mandar botar no meio da rua.

E viva os eu te amos. descontrols ou cuidadosos. noturnos, diurnos ou no meio da madrugadas. menos os bregas das faixas. se bem que todos eu te amos são meios bregas.

(por Affonso)

Sem alarme

Estou indo, acho que queria ficar. Você me olha nos olhos que não são mais os meus. Eu só queria estar ali. Mas. Tive que ir embora. Nem me despedi de ti.

Corações partidos e baladas sangrentas

Faz pouco mais de um ano. A moça carregava um coração partido em frangalhos e saiu de casa pela primeira vez para tentar se divertir. Doía tanto a porra do coração que a noite foi horrível. “Meu, desfila no meio dos caras com esse vestidinho e deixa que passem a mão na sua bunda”, recomendou o amigo macho. Ela teve que explicar que não ia adiantar. Ficou sentada num canto com o vestido muito curto completamente fóbica e infeliz. O máximo que conseguia dizer para quem se aproximava era: “terminei um relacionamento e to mal”.

Um ano se passa. A moça estava de novo com o coração partido (vai ter ganas de vivir assim no inferno, diria Wander e Fred 04 remixados). Vai a uma festa. Chega lá e se diverte com tudo, mas tudo o que aparece pela frente. Com os amigos que não páram de beber vodka, com a imagem de um Carrossel que não pára de girar, tudo é absolutamente divertido para ela, que desfila de shortinho na frente dos rapazes e colhe alguns elogios. Ei! O amigo estava certo. É só desfilar com as pernas de fora que...

Estava nada. Há um ano não teria jeito. O corte era profundo. Agora, com um arranhão no coração, até que dá para passar mercúrio cromo e desfilar sua graça. Se olhar no espelho e se ver do tamanho real (que é exatamente 1,63. E não os 50 centímetros que achou que media no dia em que se sentiu burra e sacaneada). Com os amigos do lado, vendo o nascer do sol na praia de Copacabana, a moça sabe que mede, na verdade, 1, 70. Ah, sim, Fernando Pessoa. “Eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura”.

Amigo punk que deu o conselho: tudo é uma questão do tamanho real da dor. Ano passado era de verdade. Esse ano era piração. Ah, sim, Renato Russo. “Porque que eu finjo que acredito no que invento?” Simples, Renato, porque não foi ela (a moça) que inventou sozinha a coisa toda. Foram lá e inventaram junto e depois saíram correndo. Mas deixa pra lá. A fila anda.

(Nina Lemos)

Quando os pretês são uma droga

Não, meninos, vocês não são uma droga. Pelo contrário. Vocês são uns queridos, muitas vezes. O problema, que acometeu essa que vos escreve semanas atrás, acontece quando a gente resolve usar pretê como se fosse heroína. Um escape! Uma fuga! Me ajude a fugir, baby, porque a minha vida não anda fácil!

Eu explico melhor. Tem horas em que tudo fica pesado demais. A realidade fica dura. E a gente sente vontade de fugir. Como eu não uso heroína, às vezes sofro do surto "preciso arrumar um pretê". Normal querer arrumar um amor. Mas, nesse caso, eu estava realmente querendo me drogar. Nada como inventar um amor pra fugir da realidade. Claro que dá errado. E não resolve nada. E ainda dá ressaca moral. Ou seja, homem, quando mal usado, é mesmo, sem dúvida, uma droga. Mas a culpa é nossa, usuárias...

(Por Nina Lemos)

Nem sempre



Nem sempre as conquistas mais árduas são as mais gostosas,

nem sempre a montanha russa de sentimentos faz vibrar a chama da paixão

nem sempre esperar por quem não vem é tentador


Eu queria saber o nome de todos os poetas

que valorizaram estas insanidades

para poder conversar com cada um

e implorar que deixassem de escrever tais coisas


O que é bom não faz doer

O que é ruim sim é o que nos maltrata

se fazer presente é o segredo

pois quem ama não gosta de correr riscos


Somente na mente dos românticos esperar é bom

Sofrer é inerente

Chorar dorme no riso

Viver é tolerar

E até no fundo não acreditar que alguém talvez nunca chegue


No meu mundo as coisas não funcionam assim

Meu relógio biológico me alerta sobre a necessidade de mudar o rumo

e se for preciso eu sumo.


terça-feira, 12 de junho de 2007

FELIZ DIA NOS NAMORADOS :)

“A ti! ai, a ti só os meus sentidos” (Almeida Garrett)





“O bairro do amor é uma zona marginal” (Jorge Palma)


O que se fazer no dia dos namorados?
Não sei.
Dançar, gritar, beijar quem?
Não sei.
Mas uma declaraçãozinha de amor ou
de bem-querer
cairia muito bem.

METADE

"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor.
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção.

E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... também."

Oswaldo Montenegro
Powered By Blogger




Feitos um para o outro

Feitos um para o outro

ANÔNIMA

ANÔNIMA

Arquivo do blog