quinta-feira, 12 de julho de 2007

O GRAU 9 DA FEBRE SELVAGEM AMOROSA

Sim, nada como o som e a fúria de uma mulher em plena febre amorosa. Nada segura.

Mas nós também, enquanto Marcolas do amor, chegamos fácil ao grau 9 da maluquice obsessiva _ grau 9 foi o álibi usado pela defesa de Suzane Richthofen, que teria matado os pais por amor doentio ao namorado_ sacando nossas peixeiras morais, tocando o terror no percussivo barracão de zinco.

O nosso medo diante de um possível chifre, por exemplo, nos faz virar Coriscos, cegos belzebus, passionais MC´s sem rumo. Aí o termômetro bate 9 fácil.

O amor é assim mesmo, depois nos acostumamos, e vemos como ser trocado por outro nos torna mais humanos, perdemos aquela empáfia de machos invictos e escrotos. Repito o velho mantra: só um chifre humaniza um canalha.

Chegar à casa dos 9 é... ser traído por um amigo. Mas vem cá, meu camarada, você queria que a moça fosse dar para inimigos? Veja o lado bom das coisas.Relaxa, acontece, abafa o caso e pega de volta essa bela cria da tua costela, ela vai voltar mais gostosa e safada ainda, com direito a narrativas incendiárias.

Chegar ao grau 9 é... ouvir as piores notícias daqueles lindos lábios, né velho Marçal Aquino? Como por exemplo: a emoção acabou, nosso romance esfriou... Você merece alguém melhor... Estou confusa, estou cafusa, bla, bla, bla, conta outra.

Chegar ao grau 9 é... ouvir ali,na lata, que o outro é o rei do tantra, que é o outro domina todos os bambuais do kama-sutra, que o cara é o sexo mais selvagem desta babilônia, a transa mais homérica, o monstro sagrado da alcova.

Homem não suporta ouvir esse tipo de prosa. Ai fere de jeito o tal do orgulho macho, a fúria domina... Ah, quanta bobeira, sossega, traz um calmante, um suco de maracujá, traz um copo de água com açúcar para o cidadão, Catatau, traz uma garapa, uma vodka pura, uma salineira encouraçada de responsa.

Chegar ao grau 9 é... beber todas (quando a vida dói, drinque caubói!), chorar no ombro do garçom todas as mágoas, nadar no seco, ver a lua na sarjeta, e bater à porta dela de madruga, eu te amo, porra, abre-te sésama! Bater, bater e não ter resposta, ouvir apenas os gritos e susurros do outro lado. Ai é 9.9 na escala cornífera, uma fração de segundo para uma besteira, para um daqueles crimes que só o criminalista Troncoso Peres, o Shakespeare dos grandes casos do gênero, nos livraria do inferno.

Calma, garotão, acontece. Homem que é homem chega ao grau 9 e não comete violências.
A receita é simples para abaixar a febre: tome um grande porre, ao som de Leonard Cohen, Odair ou Chico Buarque, e risque o nome dela dos seus alfarrábios, como na balada sangrenta de Orlando Silva: "Risque ...... meu nome do seu caderno/ Pois não suporto o inferno/ Do nosso amor fracassado/ Deixe ........ que eu siga novos caminhos/ Em busca de outros carinhos/ Matemos nosso passado..."

Vixi, isso é que é dolor, não aquilo que cultivo no jardim semi-árido lá de casa!

Por Xico Sá - http://carapuceiro.zip.net/

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