domingo, 31 de agosto de 2008

O HOMEM SUPERIOR

Antes de tudo, o homem superior existe. Ele mora em montanhas do Himalaia e tive que percorrer 500 quilômetros a pé para encontrá-lo. Depois de passar por tempestades de gelo e de quase ter o meu lap top comido por um urso, cheguei até a casa de um sábio que me explicou tudo sobre essa espécie. Encontrar um não é fácil. Mas o sábio me segredou que as mulheres devem continuar procurando (vagando em hordas pela noite das grandes cidades).

O homem superior é aquele que elogia a sua independência, mas carrega as compras do supermercado. E as malas pesadas nas viagens.

Ele suporta a sua TPM simplesmente a ignorando.

Ele não briga com a moça quando ela está para ficar menstruada. Também não leva a sério quando ela diz nestes dias que quer terminar tudo.

Ele oferece um chocolate e espera o surto hormonal da garota passar.

O homem superior não se preocupa (pelo menos não muito) com o tamanho do próprio pau. Se preocupa mais em fazer sexo de qualidade.

Ele espera a mulher gozar, mas depois não faz aquela idiotice de perguntar se ela teve um orgasmo gostoso.

O homem superior brocha. E nunca diz que essa foi a primeira vez que isso aconteceu com ele. Ele simplesmente começa a conversar com a moça até que o clima volte. Se não volta, ele espera até o dia seguinte.

Ele NUNCA expulsa uma moça de madrugada de sua casa. Ele pode ter odiado o sexo, odiado você. Mas ele disfarça, em nome da boa educação, e ainda te oferece um café de manhã.

O homem superior liga quando promete.(Ops! Então, acho que o sábio me enganou e esse homem superior não existe). Mas ele pelo menos não promete. Ele não diz eu vou te ligar quando na verdade está querendo dizer: eu nunca mais quero te ver na minha frente!

O homem superior NÃO É HOMOFÓBICO. Nunca! Em hipótese nenhuma! Ele não precisa ficar provando a sua masculinidade falando coisas do tipo: `isso é coisa de viado!´

Homem superior de verdade tem amigos gays, por que não? E ele abraça e beija os amigos gays, ao invés de achar que homossexualidade pega. E também não tem essas frescuras de ter nojo de ver um casal de amigos gays se beijando.

Ele chora. E não é só escondido no banheiro. Também se descabela, leva fora e fica superego descontrol.

O homem superior não tem nojo de coisas como menstruação e sexo oral.

Ele não vive em disputa com a mulher ou namorada. Ele acha bom se a moça tem um aumento e não se acha um perdedor se a pretendente ganha muito mais que ele. O homem superior não chama aquela garota que fica com vários caras de galinha. E também não espalha que aquela que não quis transar com ele de novo é frígida.

Ele não tem os seguintes pensamentos: poesia é coisa de viado, falar de sexo é coisa de homem ou de puta e ter um site na Internet falando todas essas barbaridades é coisa de feminista mal amada que não gosta de homem.

PS. Se você encontrou um homem assim, pelo amor de deus, escreva para a gente contando!!!! Prometo enviar todas as mensagens para o sábio!

NINA LEMOS

Sobre o pé na bunda

É assim. Tem vezes em que sem a gente esperar o cara aparece e termina o que a gente nem tinha começado. Outras vezes a gente tenta, tenta, tenta. Gasta umas 830 seções de terapia e tem 345 DRs, mas não adianta. Um dia a gente acorda, sente que passou por cima dos nossos próprios limites e que sair correndo virou questão de sobeviência.

Algumas vezes ninguém terminou com ninguém. Aquilo nem era compromisso, vocês nem tinham combinado nada. Basicamente um decidiu parar com aquela brincadeira antes do outro.

Se o outro resolve parar um pouco antes, você fica triste por uns três dias.
Em todos os casos, quando o relacionamento é longo, você sofre. Independente de quem deu ou não deu o pé na bunda. Por sinal, vamos lá. O que me inspirou a escrever sobre pé na bunda (uma coisa bem distante no momento, sim, existem mil outras coisas na vida) foi que alguém escreveu a frase: "a Nina, que só toma pé na bunda, segundo ela mesma" nos comentários do texto de baixo. Não é verdade. Eu nunca disse isso. Mas isso não importa e é problema só meu.

O que realmente importa é que depois que você cresce percebe que o poder do pé na bunda nem é assim tão grande. Não é porque eu terminei com muitos namorados que não sofri. E que história é essa de que mulher é que leva pé na bunda? Não, a gente termina muuuitos relacionamentos. Inclusive, isso é dado do IBGE, nós, mulheres, terminamos a maioria dos casamentos-namoros. Talvez a gente tenha mais coragem para ir embora, não sei ainda.

Eu tenho a maior facilidade em pegar minha bolsinha e sair quando as coisas não estão boas. Choro na minha cama, me tranco em casa e posso até achar que vou morrer, mas vou.

Só que isso não significa que eu dei um pé na bunda. Significa só que eu fui embora. Assim como, algumas vezes, eles que foram.
E ter um homem que não te deu um pé na bunda também não é garantia de felicidade. Nunca.
É a vida, meninas, é a vida.
(Por Nina Lemos)
02 neurônio

A terceirização do amor

A terceirização do amor


A teoria é de um amigo. Nada como não depositar tudo em cima de uma pessoa só. O bom mesmo é terceirizar o amor e ter vários prestadores de serviço que funcionem em áreas distintas de sua vida. Um é aquele com quem a conversa é a melhor do mundo (o que completa as suas frases), outro é aquele com quem você dorme abraçado (e não necessariamente transa) e tem aquele que é o com quem você transa (e não necessariamente dorme abraçado). "Pedir tudo para alguém, coitado, é colocar muita responsabilidade no ombro da pessoa", concorda outro amigo.

Faz sentido. E tenho, sim, alguns serviços terceirizados (é só modo de falar, não, eu não trato seres humanos que eu amo de maneira fria). Mas será que funciona na prática? Tem dias que sim, tem dias que não. Porque é só a gente cruzar com alguém incrivelmente fofo para pensar em deixar de terceirizar. Contratar. E ainda dar carteira assinada, décimo terceiro e férias. Fora o serviço médico, claro.

(Nina Lemos)
02 neurônio

A GENTE SE VÊ... HAHAHAHAHAHAHA





“A gente se vê.” Pronto, phodeu, eis a senha para o nunca mais, o “never more” do corvo do tio Edgar A. Poe.

A gente se vê. Corta para uma multidão no viaduto do Chá.

A gente se vê. Corta para uma saída de estádio lotado em dia de decisão do campeonato.

A gente se vê. Corta para “onde está Wally”.

Nada mais detestável de ouvir do que essa maldita frase. Logo depois a porta bate e nem por milagre.

Jovens mancebos, evitem essa sentença mais sem graça. Raparigas em flor, esqueçam, esqueçam.

Melhor dizer logo que vai comprar cigarro, o velho king size filtro do abandono. Melhor dizer que vai pra nunca mais. Melhor o silêncio, o telefone na caixa postal, o telefone desligado, o desprezo propriamente dito, o desprezo on the rock´s, o adeus de rodoviária, que é o adeus mais demorado.

A gente se vê uma ova, uma porra. Seja homem, troque de palavras, use o código do bom-tom e da decência. A gente se vê é a mãe, ora, ora.

Como canta o Rei, use a inteligência uma vez só.

Esse “a gente se vê” deveria ser proibido por lei. Constar nos artigos constitucionais, ser crime inafiançável no Código Penal.

A gente se vê é pior do que a gente se esbarra por ai. Pior do que deixar ao acaso, que jamais abolirá a saudade, que vira uma questão de azar e sorte.

Melhor dizer logo “foi bom, meu bem, mas não te quero mais”. YO NO TE QUIERO MAS, como na camiseta mexicana da Theodora. Dizer foi bom meu bem e pronto, ficamos por aqui, assim é a vida, sempre mais para curta do que longa-metragem.

A gente se vê é a bobeira-mor dos tempos do amor líquido e do sexo sem compromisso. A gente se vê é a vovozinha, ora!

Seja homem, diga na lata.

Não engane a moça, que a nega é fino trato, que não merece desdém.

A fila anda, jogue limpo.

A gente se vê. Corta para uma multidão no show do U2. A gente se vê. A gente se vê. Corta para a festa do Círio de Nazaré. A gente se vê. Corta para a festa do Morro da Conceição. A gente se vê. Corta para o dia de Iemanjá em Salvador. A gente se vê. Corta para o reveillon na praia de Copacabana.

A gente se vê. Então aproveita e vai olhar se eu estou naquela esquina do Pacaembu, na saída do jogo de ontem do Corinthians, eita, e foda-se!

XICO SÁ - o carapuceiro

sábado, 30 de agosto de 2008

O medo do amor




Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.

O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável.

Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.

E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.

Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.

Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.


Por Martha Medeiros

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Fuga número 2

Vocês, homens, se acham especialistas em fuga. Ou nós que achamos que essa é uma especialidade de vocês, tamanho é o nosso medo de que vocês fujam?

Não importa. Acontece que nós, garotas, na verdade somos as donas e mestras da arte de fugir. São formas sofisticadas e inconscientes (hey, Freud) e muitas vezes só vamos perceber porque fizemos “tal loucura” muito tempo depois. Em geral, usamos essas técnicas para fugir de uma situação que está ultrapassando os nossos limites. Ou seja, em geral por sobrevivência.

A nossa fuga não consiste em simplesmente parar de atender telefonemas, inventar uma mentira que acabará sendo descoberta, não responder e-mails ou simplesmente falar que não quer mais. Quando a gente foge, em geral é para sempre. E para isso apelamos para métodos como:



Método1

Ligar 40 vezes chorando, encher o saco do cara e torrar a paciência dele até que ele esqueça que você é uma garota legal e passe a achar que você é uma chata (no fundo ele sabe que você é legal, mas não suporta a sua chatice). Muito eficiente e largamente utilizado, Principalmente pelas meninas de menos de 30. Mas as de mais de 30 às vezes se desesperam e apelam para esse método quando acham que estão em uma roubada da qual não conseguem sair. Também adotado pelas que têm medo do amor.



Método2

Ter um ataque e falar um monte de coisas horrendas para ele. Coisas horríveis mesmo, daquelas que não se falam para ninguém. Utilizado em situações limites. Eficientíssimo.



Método3

Escrever textos em blogs e sites falando mal de exs. Maneira ótima de fazer o cara ficar com ódio de você e não tentar voltar (que medo de você não resistir e cair!).



Método4

Sofrimento horroroso. Essa é a forma mais madura. A gente fica em casa chorando em atender o telefone, se descabela, fica realmente muito mal, fazendo a dieta do Marlboro. Até que uma hora a gente pensa: "nossa, é por causa desse cara (ou dessa situação) que eu estou nessa lama!" Aí percebemos o óbvio, que os heróis românticos são todos ridículos. E que não vale nada esperar por alguém ou investir em alguém se isso está nos deixando nesse estado deplorável. Costuma dar certo, mas exige persistência e... sofrimento.

Mas, existe fuga sem sofrimento? Para a gente, que foge para salvar a própria sanidade mental, ou seja, a própria vida, não.





(Nina Lemos) - blog 02 neurônio

Quando Deus aparece

Tenho amigas de fé. Muitas. Uma delas, que é como uma irmã, me escreveu um e-mail me contando a maravilha que foi o recital do pianista Nelson Freire no Theatro São Pedro, recentemente. Ela escreveu: "Nessas horas Deus aparece".

Fiquei com essa frase retumbando na minha cabeça. Deus não está em promoção, se exibindo por aí. Ele escolhe, dentro do mais rigoroso critério, os momentos de aparecer pra gente. Não sendo visível aos olhos, ele dá preferência à sensibilidade como via de acesso a nós. Eu não sou uma católica praticante e ritualística - não vou à missa. Mas valorizo essas aparições como se fosse a chegada de uma visita ilustre, que me dá sossego à alma.

Quando Deus aparece pra você?

Pra mim, ele aparece sempre através da música, e nem precisa ser um Nelson Freire. Pode ser uma música popular, pode ser algo que toque no rádio, mas que me chega no momento exato em que preciso estar reconciliada comigo mesma. De forma inesperada, a música me transcende.

Deus me aparece nos livros, em parágrafos em que não acredito que possam ter sido escritos por um ser mundano: foram escritos por um ser mais que humano.

Deus me aparece - muito! - quando estou em frente ao mar. Tivemos um papo longo, cerca de um mês atrás, quando havia somente as ondas entre mim e ele. A gente se entende em meio ao azul, que seria a cor de Deus, se ele tivesse uma.

Deus me aparece - e não considere isso uma heresia - na hora do sexo, desde que feito com quem se ama. É completamente diferente do sexo casual, do sexo como válvula de escape. Diferente, preste atenção. Não quer dizer que qualquer sexo não seja bom.

Nesse exato instante em que escrevo, estou escutando My Sweet Lord cantado não pelo George Harrison (que Deus o tenha), mas por Billy Preston (que Deus o tenha também) e posso assegurar: a letra é um animado bate-papo com Ele, ritmado pelo rock’n’roll. Aleluia.

Deus aparece quando choro. Quando a fragilidade é tanta que parece que não vou conseguir me reerguer. Quando uma amiga me liga de um país distante e demonstra estar mais perto do que o vizinho do andar de cima. Deus aparece no sorriso do meu sobrinho e no abraço espontâneo das minhas filhas. E nas preocupações da minha mãe, que mãe é sempre um atestado da presença desse cara.

E quando eu o chamo de cara e ele não se aborrece, aí tenho certeza de que ele está mesmo comigo.

(por Martha Medeiros, publicado em 03/agosto/2008 no Jornal Zero Hora/RS)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A aliança de compromisso

Não quero magoar ninguém,
Isso jamais meu bem.
Quero ser sempre feliz, amiga e uma fortaleza,
Não só para mim, mas para você também.
Não que você busque em mim o seu eu sem fim,
Mas porque eu vejo em ti coisas que já me esqueci sobre mim.

/\
||
Os versos acima, muito mal escritos por mim, certamente são sintomas de uma crise EMO.
Mas eu não quero ser triste quando tenho mil motivos pra ser feliz.
Mas acho que é só tristeza da felicidade. Ou talvez as duas andem de mãos dadas, e até com aliança de compromisso, então normal esse sentimento idiota que estou tendo.
Eu quero endurrecer meu coração,
Não me apegar a nada nem a ninguém,
Vou sair gritando pela rua,
E um dia vou ser mais feliz também.

Republicando:



Corações partidos e baladas sangrentas


Faz pouco mais de um ano. A moça carregava um coração partido em frangalhos e saiu de casa pela primeira vez para tentar se divertir. Doía tanto a porra do coração que a noite foi horrível. “Meu, desfila no meio dos caras com esse vestidinho e deixa que passem a mão na sua bunda”, recomendou o amigo macho. Ela teve que explicar que não ia adiantar. Ficou sentada num canto com o vestido muito curto completamente fóbica e infeliz. O máximo que conseguia dizer para quem se aproximava era: “terminei um relacionamento e to mal”.

Um ano se passa. A moça estava de novo com o coração partido (vai ter ganas de vivir assim no inferno, diria Wander e Fred 04 remixados). Vai a uma festa. Chega lá e se diverte com tudo, mas tudo o que aparece pela frente. Com os amigos que não páram de beber vodka, com a imagem de um Carrossel que não pára de girar, tudo é absolutamente divertido para ela, que desfila de shortinho na frente dos rapazes e colhe alguns elogios. Ei! O amigo estava certo. É só desfilar com as pernas de fora que...

Estava nada. Há um ano não teria jeito. O corte era profundo. Agora, com um arranhão no coração, até que dá para passar mercúrio cromo e desfilar sua graça. Se olhar no espelho e se ver do tamanho real (que é exatamente 1,63. E não os 50 centímetros que achou que media no dia em que se sentiu burra e sacaneada). Com os amigos do lado, vendo o nascer do sol na praia de Copacabana, a moça sabe que mede, na verdade, 1, 70. Ah, sim, Fernando Pessoa. “Eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura”.

Amigo punk que deu o conselho: tudo é uma questão do tamanho real da dor. Ano passado era de verdade. Esse ano era piração. Ah, sim, Renato Russo. “Porque que eu finjo que acredito no que invento?” Simples, Renato, porque não foi ela (a moça) que inventou sozinha a coisa toda. Foram lá e inventaram junto e depois saíram correndo. Mas deixa pra lá. A fila anda.

02 neurônio

domingo, 24 de agosto de 2008

Freud para punks 2: a inveja de si mesmo

Minha tia psicanalista adora usar esse termo: inveja de si mesmo. Pelo o que entendi. Raramente acontece uma coisa ótima na nossa vida. Daquelas boas mesmo. Nossas. Conquistadas por nós. Uma coisa sensacional. Absolutamente do caralho. Seus amigos comemoram com você. E você mesma fica super feliz. E canta que, se não consegue ser alegre o tempo inteiro, como diz o W., consegue ser alegre de vez em quando. O que já é uma coisa bem boa.

Aí eles aparecem, os monstrinhos da autosabotagem que habitam as regiões tenebrosas do seu cérebro. Como você náo suporta ver uma coisa tão desejada acontecendo com você, começa a dar comida para os monstrinhos do demo. E pronto. Eles começam a dominar a sua cabeça e o seu coração, até ontem táo felizes. Os monstros te fazem xeretar os orkuts dos alheios,sentir ciúmes dos alheios e, se você náo tomar cuidado, pode fazer coisas realmente horríveis. Tipo armar uma briga, ou qualquer outra coisa que te deixe infeliz

Assim como Amy, é hora de dizer não e náo e não para esses monstrinhos filhos da puta. Vocês náo vão me dominar. Não brigarás. Não terás ataques de ciúme descabidos. Não pensarás em bobagens. Não sofrerás por coisas que nem te faziam sofrer até ontem. Chega. Saiam de mim, que esse cérebro não vos pertence.

02 neurônio

Somebody to Love



Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.


Por não estarem distraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.

Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.

Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas.

Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso.

Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.

Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice Lispector

Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro...

solitáte



O vídeo da música que postei logo abaixo (meu eu em vc) mexeu comigo demais nesta noite de domingo. Estava revendo todas as postagens que fiz aqui até hoje...
Não sei se é o domingo que me faz assim, mas estou com muitas coisas na minha cabeça, e mil borboletas batendo as asas dentro do meu estômago. Você já se sentiu assim?

Sou intensa, e de tanto ser, só tenho alma. Seria eu alma da minha alma?

Fernando Pessoa:

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...


__________________________________________________________________________________

A letra da música abaixo:

Eu sou o brilho dos teus olhos ao me olhar
Sou o teu sorriso ao ganhar um beijo meu
Eu sou teu corpo inteiro a se arrepiar
Quando em meus braços você se acolheu


Eu sou o teu segredo mais oculto
Teu desejo mais profundo, o teu querer
Tua fome de prazer sem disfarçar
Sou a fonte de alegria, sou o teu sonhar

Eu sou a tua sombra, eu sou teu guia
Sou o teu luar em plena luz do dia
Sou tua pele, proteção, sou o teu calor
Eu sou teu cheiro a perfumar o nosso amor

Eu sou tua saudade reprimida
Sou o teu sangrar ao ver minha partida
Sou o teu peito a apelar, gritar de dor
Ao se ver ainda mais distante do meu amor


Sou teu ego, tua alma
Sou teu céu, o teu inferno a tua calma
Eu sou teu tudo, sou teu nada
Minha pequena, és minha amada

Eu sou o teu mundo, sou teu poder
Sou tua vida, sou meu eu em você


Ahhhh que música fofa!
Tão bonitinha, romântica...

Será que um amor assim existe?

sábado, 23 de agosto de 2008

A ARTE DE PEDIR - A PEDIDOS

Uma das maiores virtudes de uma fêmea é arte de pedir.

Como elas pedem gostoso.

Como elas são boas nisso.

Resistir, quem há de?

Um simples “posso pegar essa cadeira, moço?” vira um épico. É o jeito de pedir, o ritmo da interrogação, a certeza de um “sim” estampado na covinha do sorriso.

Pede que eu dou.

Pede todas as jóias da Tiffany´s, minha bonequinha de luxo!

Estou pedindo: pede!

Eu imploro, eu lhe peço todos os seus pedidos mais difíceis.

Pede a bolsa mais recente da Louis Vuiton, pede o shopping inteiro, pede o Iguatemi, pede a Daslu, melhor ainda, pede a Daspu e veste só para o teu homem.

Pede que compro nem que seja no camelô, na 25 de Março, nas galerias dos coreanos, compro da Orenilda, minha prima sacoleira de São Miguel Paulista.

O que importa é o requinte e o atendimento da demanda.

Não me pede nada simples, faz favor, please.

Já que vai pedir, que peça alto. Você merece, uma mulher como essa não tem preço.

Um concerto de Iggy Pop bem longe daqui?

Te levo.

Amor sincero?

Fácil, fácil.

Fidelidade?

Acabo de criar o seu exclusivo cartão de milhagem.

Como é lindo uma mulher pedindo o impossível, o que não está ao alcance, o que não está dentro das nossas posses.

Podemos não ter onde cair morto, mas damos um jeito, um truque, 12 vezes sem juros, no pré-datado, no cheque sem fundos.

Até aqueles pedidos silenciosos, quando amarra a fitinha do Senhor do Bonfim no braço..., são lindamente barulhentos.

Homem que é homem vira o gênio da lâmpada diante de uma mulher que pede o impossível.

Ah, quero o batom vermelho dos teus pedidos mais obscenos.

Quero o gloss renovado de todas as vezes que me pede para fazer um pedido, assim, quase sussurrando no ouvido: “Amor, posso te pedir uma coisa? Posso mesmo?”

Um jantar no D.O.M. ou no Fasano?

É pouco para o meu bico.

Flores de helicóptero?

Como na filosofia do pára-choque, o que você pede chorando que não faço sorrindo?!

Pede, benzinho, pede tudo.

Que eu largue a boemia, pare de beber e me regenere???

Pede, minha nega, que o amor tudo pode.

Mesmo as que têm mais poder de posse que todos nós não escapa de um belo pedido.

Com estas, as mais poderosas, tem ainda mais graça. Elas pedem só por esporte ou fetiche, o que não lhes comprometem a pose e muito menos a independência futebol clube.

Não é questão de poder ou dinheiro.

O que importa é o pedido em si, o romantismo que há guardado no ato.

Os melhores cremes da Lancôme? Vamos a Paris comprar juntos.

Eu lhe peço: me pede.

Não pede mimos baratos, pede atenção, por exemplo, essa mercadoria tão cara ao mundo das moças. Pede que corrija os erros do meu português ruim, que eu deixe de alternar a segunda e terceira pessoa, que falta de classe, na boa, pede, nem que eu chame o Pasquale para ficar de “vela” corretiva entre nós dois...

Pede, amorzinho, pede gostoso, sou o senhor das tuas demandas.

XICO Sá
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Feitos um para o outro

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ANÔNIMA

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