quinta-feira, 12 de julho de 2007

A evolução da delação anônima (premiada????)

“Ah uma carta anônima!”
Era a expressão mais comum do mundo quando alguém via um malfeito amoroso, como uma suposta traição, por exemplo, e não se aguentava em si.
“Ah uma carta anônima!”. E algumas criaturas de sangue quente se metiam mesmo a missivistas. Como se combatessem todas as injustiças do mundo.
Selavam o estrago. As próprias amantes tinham lá essa mania, recurso do método para botar fogo nos lares. Lambiam o envelope, saliva da vingança, com requinte. “Estou te avisando porque sou tua amiga...” Assim postavam as maltraçadas.
No filme Amarelo Manga, de Cláudio Assis, uma mulher traída arranca no dente a orelha de uma amante depois de uma carta anônima assinada singelamente “tua amiga”. Pense numa cena vangoghiana!
Meu amigo Gersolino se divertia nas festas mais, como se diz, liberais, permissivas: “Ah uma carta anônima!”, babava. Imaginem agora.
Sem carecer nem mesmo gastar a saliva nos selos, os tempos modernos nos trouxeram a explosão da carta anônima de volta. “Ah um hotmail anônimo!”. Você vai lá, fácil que nem empurrar bêbado ladeira abaixo, e cria o endereço da maldade.
A carta tinha mais credibilidade e carga dramática –do ato de rasgar aquele envelope misterioso ao “decifra-me ou te devoro” da caligrafia-, mas o estrago de um email bem fundamentado pode ser equivalente. Nitroglicerina pura.
Oh, mr. Postman, a denúncia amorosa, verdadeira (ou falsa), nunca esteve tão à mão, tão em moda. Agora com um requinte de crueldade dos tempos digitais: a fotinha do flagrante delito como anexo da maldade!

Por xico sá, em http://carapuceiro.zip.net/

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